A esperança

A esperança! ...e se a esperança fosse um pedacinho do corpo? ...se fosse um órgão, assim como o fígado, o intestino, o coração? ...mais ainda, se fosse um órgão vital, sem o qual não se viveria e se adoecido o resto do corpo sentisse? ...se pulsasse como o coração, alimentando o resto do corpo? Como estaria hoje esse órgão? Fragilizado, adoecido, como um pulmão de fumante depois de anos, como um coração com chaguismo? Pútrido, infeccionado? ...mas nossa esperança não é um órgão, apenas um "sei lá o que" que se manifesta em nossa cabeça ...se não é um órgão, ao menos é vital para o nosso amanhecer ...é aquilo que não pulsa, mas faz o coração mais forte pulsar ...na sua ausência não se morre, mas também não se vive. Ah ESPERANÇA!!! Você que é a última a morrer e que anda morrendo cada dia mais cedo ...é a última a morrer, mas que anda demorando demais a nascer ...a cada oportunidade roubada ...a cada promessa não cumprida ...a cada sonho abortado ...a cada fraude ...a cada roubo ...a cada ilusão ...a cada mentira ...a cada ...a cada coisa que essa esperança já tão fragilizada acha estranha ...cada desculpa ...cada promessa ...cada vexame ...cada desilusão. Pois resolvi tratar de tratar minha esperança como um órgão, resolvi que sem ela não viverei, decidi que nenhuma chaga, nenhum cancer, nenhum mal a atormente, a adoeça. Decidi que nenhuma promessa deixará de ser cobrada, que nenhuma oportunidade deixará de ser reividicada, que todo sonho interrompido terá de ser justificado, que cada culpa terá de ser assumida e cada fraude ou roubo ressarcido. Minha parte eu farei, votarei como manda a lei, mas não me ausentarei das minhas responsabilidades, não somente para com meu país, mas principalmente para com minha esperança.